Rumo ao Futuro com a IA (versão: 🇧🇷)
Embarque nessa viagem!
Por Leonardo Pereira e Danilo Granatto
- This article was also written in English. Access the English version here.
Sabe quando temos muita vontade de viajar, mas ainda não sabemos exatamente o roteiro? Imaginamos o nosso destino final, todas as emoções que ele nos reserva, mas o que está ao longo do caminho, nós não temos ideia. Podemos até fazer algumas previsões e tentativas, porém é um caminho que precisa ser vivenciado e construído. Com a Inteligência Artificial, a história não é diferente. Convidamos você a embarcar nessa experiência, compartilhando parte do roteiro. Vamos nessa?
O que é a Inteligência Artificial (IA) e a sua importância
Desde que tivemos acesso à tecnologia e aos recursos de inteligência artificial, a nossa vida já não é mais a mesma. Na década de 80, Steve Jobs, cofundador da Apple Inc., fez uma declaração marcante que pode ser parafraseada da seguinte forma:“os computadores são como bicicletas para as nossas mentes” possibilitando a execução de tarefas mais rápidas. Complementando a ideia, Bill Gates, fundador da Microsoft, diz que “o desenvolvimento da IA é tão fundamental quanto a criação do microprocessador, do computador pessoal, da Internet e do telefone celular. Isso mudará a maneira como as pessoas trabalham, aprendem, viajam, obtêm assistência médica e se comunicam umas com as outras”.
O matemático e cientista da computação, estudioso no campo da Inteligência Artificial, John Mccarthy, afirma que a IA é uma das áreas da ciência da computação que busca incessantemente aproximar as máquinas das qualidades, que até então, eram exclusivas dos seres humanos.
Ao consultarmos o próprio ChatGPT-4, temos acesso a uma definição ampla sobre IA, na qual são estabelecidas subcategorias, das quais podemos dar destaque às Redes Neurais Artificiais, Processamento de Linguagem Natural e Visão Computacional.
Machine Learning e Algoritmos
Não podemos falar da IA sem mencionar o Machine Learning, disciplina que desempenha um papel crucial capaz de identificar padrões em dados massivos e análise preditiva. De acordo com o ChatGPT-4, o Machine Learning é um método de análise de dados que utiliza algoritmos (conjuntos de instruções lógicas) para resolver desafios relacionados à classificação, reconhecimento de padrões e previsão.
Os algoritmos orientam as máquinas na execução de tarefas específicas, potencializando sua capacidade de compreensão e tomada de decisões. Sua combinação com o Machine Learning permite que as máquinas identifiquem padrões complexos e obtenham insights valiosos a partir de grandes conjuntos de dados.
Enquanto as IAs solucionam problemas, elas utilizam diversas estratégias, conhecidas como Métodos de Aprendizagem. Entre os mais mencionados estão o Método de Aprendizagem Supervisionado, o Método de Aprendizagem não Supervisionado e o Método de Aprendizagem por Reforço. Cada um desses métodos possui suas próprias características e aplicações, permitindo que as máquinas aprendam e se aprimorem de diferentes maneiras.
Métodos de Aprendizagem Supervisionado
Essa abordagem permite que as máquinas aprendam com exemplos de dados previamente classificados por nós, e que ajudam a máquina a aprender como identificar e classificar novos dados, resolvendo problemas através desse princípio.
Esse método capacita o algoritmo a fazer previsões e classificações com precisão, em situações reais e desconhecidas, buscando identificar padrões e relações relevantes entre as variáveis de entrada e saída, além de impulsionar avanços em várias áreas, facilitando a análise de dados e a tomada de decisões automatizadas.
- Algumas lojas do Walmart e da Amazon já não dependem exclusivamente de estoquistas para a reposição de estoque, pois ela é realizada por câmeras via detecção de produtos em falta nas prateleiras.
Método de aprendizagem não supervisionado (auto supervisionado)
Ao contrário do método anterior, aqui a identificação de categorias nos dados não utiliza exemplos prévios.
É uma abordagem que desempenha um papel fundamental na análise de grandes volumes de dados, permitindo identificar categorias, padrões ocultos e agrupamentos que não seriam facilmente perceptíveis. É eficiente para explorar e compreender informações complexas presentes nos dados.
- No Tinder são sugeridos potenciais bons parceiros ou parceiras com base nas preferências e interesses em comum das pessoas usuárias. Já no LinkedIn, esse método é utilizado para recomendar vagas de trabalho específicas para pessoas candidatas, com base em suas habilidades, experiências e características profissionais.
Método de aprendizagem por reforço
Esse método é uma abordagem dinâmica em que um sistema aprende a partir de tentativas e erros, sendo recompensado por decisões acertadas e enfrentando penalidades por erros. O aprendizado por reforço permite que os sistemas se adaptem e aprendam com base em suas próprias experiências, buscando constantemente maximizar as recompensas e minimizar as penalidades. Ele tem aplicações em diversas áreas, como jogos, robótica e até mesmo em algoritmos que otimizam processos complexos.
- Exemplo: A plataforma do YouTube sugere novos vídeos com base no conteúdo assistido, oferecendo opções semelhantes após a visualização completa de um vídeo. Caso a pessoa usuária não termine de assistir, o YouTube adota uma abordagem diferente para manter sua atenção.
Indo mais adiante com o Deep Learning
Agora, vamos desbravar um pouquinho mais o universo do Deep Learning, que atua em conjunto com o Machine Learning, capaz de lidar com grandes quantidades de dados não estruturados e de alta dimensão, além de usar algoritmos que processam os dados por muitas camadas. Ele utiliza redes neurais para aperfeiçoar as tarefas de reconhecimento de imagens; de fala; de processamento de linguagem natural e até de previsões, por exemplo. O Deep Learning permite com que a máquina aprenda de forma progressiva e independente, executando funções sem a necessidade de programação específica para determinada tarefa.
As redes neurais artificiais
Você sabe para que servem as redes neurais artificiais? Elas têm a função de ensinar o computador a processar as informações, trabalhando de forma semelhante ao nosso cérebro. Elas simulam camadas de neurônios interconectados criando um sistema adaptável, permitindo o aprendizado das máquinas por meio dos erros, que resulta na melhora contínua do aprendizado.
Não podemos falar de redes neurais sem comentar da sua arquitetura, que é dividida em três principais categorias: redes feedforward; redes neurais recorrentes e redes neurais convolucionais. Elas são usadas para resumir documentos, fazer o reconhecimento do rosto de forma precisa, entre muitas outras funções.
A AI em nosso cotidiano e a sua atuação no mercado
Atividades simples do nosso dia a dia já usam IA, que é o caso dos aplicativos do Uber e Waze que fazem a previsão da duração da viagem, preço, sugestões de rotas e análise de tráfego.
Já o Spotify, faz uso da IA fornecendo dicas personalizadas de músicas e de listas de reprodução, análise das letras, reconhecimento de áudio e otimização da sua qualidade. Agora, se você precisar de ajuda para lembrar o nome de uma música e adicionar a sua playlist no Spotify, o Google, em seu aplicativo, tem uma funcionalidade bem interessante chamada Pesquisar uma música, é só cantarolar ou assobiar algum trecho, que ele tentará identificar a melodia.
Provavelmente você ficou de cara com a nova feature de IA Generative Fill do Adobe Photoshop. Com ela, podemos adicionar, remover ou estender elementos em imagens de maneira rápida e fácil, apenas com comandos de texto. Mas o Photoshop já possuía IA bem antes dessa atualização, como os Neural Filters, que são recursos que utilizam redes neurais para alterar imagens, oferecendo diversos efeitos de edição, como: estilo; remoção de objetos; ajustes faciais e outras recomendações automáticas.
O uso das IAs na produtividade do nosso trabalho
A seguir, destacamos algumas ferramentas que utilizam IAs com a finalidade de impulsionar a eficiência, a criatividade e a qualidade do nosso trabalho.
O ChatGPT
O ChatGPT, Generative Pre-Trained Transformer, que na tradução literal significa Transformador Generativo Pré-Treinado, é um modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI, empresa de pesquisa em inteligência artificial, localizada em São Francisco, EUA.
O ChatGPT é um LLM (Large Language Model), um modelo de linguagem ampla que pode ser usado para gerar texto semelhante ao criado por nós. As pessoas usuárias podem interagir e obter respostas para suas perguntas, além de fazer tarefas de linguagem natural e receber informações em diversos tópicos e idiomas, incluindo o português.
É possível assumir diferentes papéis ou comportamentos, explorando diversos cenários durante a interação com o ChatGPT. Para isso, podemos utilizar prompts como “Aja como”, pedindo para ele — “agir como um UX Writer”, “agir como um Product Manager” ou “agir como um Desenvolvedor Back-End” — . Essa prática proporciona uma experiência adaptável a qualquer contexto desejado. Também é importante evitarmos nos contentar com a primeira resposta; devemos sempre iterar quando for pertinente.
Nós como dois Product Designers, gostaríamos de deixar um modelo (exemplo fictício) de prompt que tem funcionado em nossos discoveries. Uma dica importante é tratar diferentes assuntos em canais de chats diferentes:
- [pessoa ou função]
Aja como um UX Researcher. - [ação]
Crie um formulário quantitativo e qualitativo (sendo mais quantitativo) para clientes de um app de e-commerce de pet shop a respeito de uma feature de login. - [formato e tamanho do texto]
Quero que o formulário seja estruturado em formato de perguntas seguindo uma arquitetura e um fluxo de perguntas, e quanto às perguntas múltipla escolha, liste as opções de respostas em letras. - [objetivo]
O objetivo é a validação de hipóteses e compreensão de pontos específicos pertinentes a como os clientes interagem, percebem e seu entendimento quanto ao funcionamento do login do app, quais são suas principais dificuldades, pontos de melhorias, sugestões, avaliações e pedir recomendações de outros players. - [informações para resultado]
Certifique-se de incluir e trazer pontos relevantes, perguntas e respostas enxutas e garantir que o formulário não seja extenso para não ficar cansativo para as pessoas que forem responder. Importante também ter uma mensagem de introdução e de agradecimento a respeito da pesquisa — para esses clientes. - [o tom da resposta]
O tom deve ser amigável, mas ao mesmo tempo profissional, usando termos de fácil entendimento, evitando palavras técnicas difíceis.
É importante lembrar que o ChatGPT é uma IA generativa/criativa, que gera conteúdo de forma autônoma, no qual, seu sistema foi alimentado com informações sobre o que ocorreu até 2021. Assim, ele pode cometer erros, fornecer informações imprecisas e produzir resultados incoerentes ou até mesmo alucinantes, não refletindo pontos de vista reais ou pessoais.
No ambiente profissional, o ChatGPT pode ser utilizado como ferramenta estratégica para melhorar o nosso fluxo de trabalho; aperfeiçoar a disposição das atividades executadas em sequência lógica; facilitar a execução de tarefas; aprimorar as ferramentas de busca; bem como reduzir os riscos de erros.
Dessa forma, servindo como um baseline para nortear os processos, sobretudo para profissionais juniors. Podendo ser usado em diversas funções, no âmbito do design, em processos de criação, discoveries, análise de métricas, benchmarking, documentação de D.S. (Design System), checklist de UI/UX, writing, navegação e acessibilidade.
Um estudo realizado pelo NN/g Nielsen Norman Group, testou níveis de produtividade com ou sem a opção do auxílio do ChatGPT, de 444 profissionais de diferentes áreas. Foi percebido que os profissionais que fizeram o uso da IA, tiveram uma média de aumento, em 59%, da produtividade na elaboração de documentos vinculados às suas áreas de atuação, sendo que 70% dos profissionais que utilizaram a IA, nunca tiveram contato com a ferramenta antes.
Além da produtividade mensurada, uma banca de avaliadores revisou a qualidade dos documentos, sem saber quais haviam sido criados com o auxílio da IA. Numa escala de 1 a 7, os documentos sem auxílio obtiveram uma nota de 3,8 pontos. Já os documentos criados com a IA receberam uma nota de 4,5 pontos.
Kraftful
É uma ferramenta que oferece uma variedade de recursos úteis por meio de análises competitivas de feedback e sentimentos das pessoas usuárias. Com ele, é possível compilar e resumir as avaliações sobre aplicativos, destacando de forma sucinta os principais aspectos positivos e negativos com base na frequência encontrada nessas avaliações.
Assista ao vídeo abaixo para mais informações:
Dovetail
É um software que auxilia a fazer research, possibilitando listar todos os feedbacks, com separação por categorias, como sentimentos positivos e negativos sobre determinado produto.
Veja mais detalhes no vídeo a seguir:
Midjourney
É uma ferramenta de IA utilizada para gerar imagens de alta qualidade. A forma de interação com esse sistema é por meio de um prompt, onde os comandos digitados pelas pessoas usuárias são utilizados para direcionar as ações executadas por ele.
Após enviarmos os comandos, o sistema é capaz de traduzi-los em imagens específicas. Essa abordagem permite uma interação mais direta e personalizada, onde podemos expressar o que precisamos e receber as respostas via Midjourney. Assim, quanto mais detalhes fornecermos, maiores serão as chances de se obter sucesso na interpretação da ideia. Já, quanto menos informações forem descritas, maior abertura de interpretação será dada ao Midjourney.
Abaixo, segue uma imagem ilustrando a estrutura de um prompt para o Midjourney, juntamente com uma explicação abaixo:
"[image prompts (prompts de imagem)]
URLs de imagens podem ser adicionadas a um prompt para influenciar o estilo e o conteúdo do resultado final.[text prompts (prompts de texto)]
Descrição textual do que você deseja gerar como imagem.[parameters (parâmetros)]
Parâmetros que alteram a forma como a imagem é gerada. Eles podem modificar aspect ratios, versões, formatos e muito mais. "
Agora, veja o exemplo de prompt escrito em inglês por Ahmed Osman com auxílio do ChatGPT, que circulou pelas redes sociais, onde é descrito com precisão os elementos de uma fotografia de alimentos e as especificações técnicas de fotografia:
“A tantalizing, mouthwatering photograph of a delectable sushi combo plate, featuring eight perfectly crafted, golden-fried pieces. The scrumptious assortment is expertly arranged on an elegant plate, with each piece standing out and inviting the viewer to indulge in its exquisite flavor. The photograph is skillfully captured using a Canon EOS 5D Mark IV DSLR camera, paired with an EF 100mm f/2.8L Macro IS USM lens, renowned for its ability to capture stunning, lifelike detail in close-up food photography. The camera settings are meticulously chosen to highlight the textures and colors of the sushi, with an aperture of f/4, ISO 200, and a shutter speed of 1/125 sec. The scene is illuminated by a soft, natural light source, which casts a gentle glow on the succulent, crispy sushi pieces, accentuating their appealing golden hue and emphasizing the delicate ingredients within. The shallow depth of field ensures the focus remains on the sushi, while the background is subtly blurred, further drawing attention to the irresistible culinary masterpiece before the viewer. — ar 4:5 -q 2”
O Product Designer israelense Nick Babich, em seu artigo UI Design using Midjourney, sugere a aplicação do Midjourney no contexto de UI Design. No decorrer do texto, ele levanta questões pertinentes sobre a substituição dos profissionais por essa ferramenta de IA e analisa sua relevância, como verificamos nos trechos abaixo:
“O Midjourney pode substituir os UI Designers?
Não. Pelo menos não agora. Os outputs que ele gera muitas vezes requerem refinamento dos designers. O Midjourney também depende muito dos prompts (a qualidade dos outputs que ele fornece dependem drasticamente dos prompts que você fornece).
Isso significa que esta ferramenta não tem lugar no kit de ferramentas do designer?
Não. Ela pode ser ótima durante as fases iniciais do processo de product design, como a exploração visual. O Midjourney pode ser especialmente útil para moodboarding. Pode ajudar uma equipe a comparar vários estilos visuais antes de se comprometer com um estilo.”
Veja um exemplo do resultado de imagens de acordo com o nível de detalhamento dos prompts:
Assim como o ChatGPT, o Midjourney também tem se mostrado cada vez mais sofisticado, aumentando sua capacidade de gerar outputs mais refinados. Na imagem abaixo podemos observar sua evolução, e o que impressiona mais, é o curto espaço de tempo em que ela ocorreu.
Além disso, ele se mostra bem útil para profissionais que trabalham com social media e design digital pela sua capacidade de evitar a repetição de imagens comumente usadas em vários contextos, como aquelas encontradas em bancos de imagens. Dessa forma, peças produzidas com o Midjourney podem oferecer uma abordagem mais autêntica e única. Inclusive, o Midjourney desempenha um papel importante na democratização do acesso, como por exemplo, alguém sem poder aquisitivo para comprar determinados equipamentos profissionais ao usar a ferramenta, pode chegar em um resultado similar ao visto no exemplo do prompt da fotografia de alimentos.
Uizard
O Uizard é um software de prototipagem rápida que tem um enorme potencial de impacto por oferecer uma maneira eficiente e automática de criar e transformar wireframes em protótipos navegáveis e de alta fidelidade, além da criação de fluxos completos. Sua capacidade de personalização permite a criação de style guides, possibilitando consistência visual em todo o projeto.
Veja um vídeo demonstrativo da ferramenta abaixo:
No contexto audiovisual
A IA também pode ser usada como ferramenta na criação de filmes e peças publicitárias, trazendo avanços significativos para a indústria. Elas têm o potencial de converter vídeos live-action em estéticas distintas, possibilitando a criação de inúmeros estilos visuais. Também é possível fazer a tradução e a adaptação de diálogos para diferentes línguas, facilitando a compreensão e a acessibilidade global, colaborando com as interações humanas. Embora o conteúdo gerado esteja em uma espécie de vale da estranheza, se essas tecnologias evoluírem tão rapidamente como no caso do Midjourney visto anteriormente, essas inovações podem expandir as fronteiras da narrativa cinematográfica e proporcionar novas possibilidades para contar histórias.
A seguir um compilado de alguns desses softwares:
E agora alguns exemplos dessas tecnologias sendo aplicadas diferentes cenários:
Por fim, uma peça lançada oficialmente baseada em IA de geração de vídeo:
Os perigos do mau uso
À medida que as IAs vão se tornando cada vez mais populares, alguns problemas são identificados; como vieses, segurança, questões ligadas à privacidade, vazamento de dados, entre outros. O que gera preocupações de setores públicos e privados.
Necessidade da IA em superar os preconceitos na sociedade
Em diferentes ocasiões, foi observado que as tecnologias de IA podem manifestar tendências parciais e reproduzir vieses preconceituosos. Uma vez que a própria tecnologia é construída em contextos sociais específicos, ela pode manifestar inclinações indesejáveis, resultando em questões relacionadas aos vieses preconceituosos. A partir do momento que as IAs atuam baseadas em dados humanos, há a possibilidade da reprodução de comportamentos negativos, como a reprodução das desigualdades sociais, de gênero, racismo e os diversos tipos de discriminação.
Esses fatos geram debates importantes sobre a existência de preconceitos e discriminação em algoritmos e ressaltam a necessidade de se desenvolver sistemas mais justos e imparciais. Isso nos leva a refletir se tais problemas são exclusivos das IAs ou se são pertinentes a nossa sociedade, uma vez que essas tecnologias aprendem com base no comportamento em que estão inseridas. É essencial pensarmos em maneiras de garantir que as IAs respeitem os direitos das mulheres, das pessoas pretas, LGBTQIA+ e demais minorias, a fim de evitar a perpetuação da opressão e da desigualdade. Devemos trabalhar para promover a justiça social, utilizando as IAs como ferramentas que contribuam para o empoderamento das minorias e a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa.
Gostaríamos de enfatizar novamente as palavras do renomado especialista, Álvaro Dias, agora, sobre alguma de suas preocupações a respeito das consequências quanto ao mau uso das IAs, no vídeo abaixo. Suas ponderações nos convidam a refletir sobre a importância de identificar e implementar medidas que possam inibir o uso inadequado dessas tecnologias. Somente por meio de um esforço coletivo e consciente poderemos evitar que as IAs sejam utilizadas de maneiras prejudiciais e promovermos seus potenciais benefícios para a sociedade como um todo.
A IA nos noticiários
Atualmente vivenciamos uma verdadeira avalanche de notícias sobre esse tema, abrangendo uma ampla gama de tópicos, indo desde avanços científicos capazes de trazer grandes melhorias nas nossas vidas, até o desafio crescente das condenáveis fake news, onde — indivíduos mal intencionados, ao utilizarem as IAs, propagam a desinformação em larga escala.
Trazemos abaixo uma imagem com um mosaico de algumas das principais notícias até então:
O que esperar do futuro?
Nós precisamos estar atentos não apenas às novidades, mas também em como essas IAs irão repercutir em nosso futuro. É uma discussão que levanta questões fundamentais sobre os avanços da inteligência artificial e suas implicações quanto à interação entre humanos e máquinas.
A carta, divulgada em 22 de março, relatava as preocupações sobre o potencial de certos tipos de IAs apresentarem danos sérios à humanidade. Foi sugerida uma abordagem cautelosa de intervenção governamental, caso as empresas não tomem medidas voluntárias. Eles argumentam que o desenvolvimento desses sistemas só deveria continuar quando houver confiança plena em relação aos impactos reais que elas podem ter na sociedade.
Esse episódio traz luz sobre a importância de uma reflexão responsável a respeito da ética e da segurança das IAs, visando garantir um futuro positivo e benéfico para todos.
Impactos imediatos
As IAs alcançariam uma excelência apenas se forem alimentadas com dados de forma responsável. Essas ferramentas têm impactos imediatos em termos de revolução cognitiva, pois além de nos ajudar com a democratização do conhecimento, elas oferecem uma assimilação que nos ajuda na execução de atividades intelectuais mais rápidas. Veja o que a Futurista pelo IFTF, engenheira, pós graduada em Marketing e Design, mestre e PHD em Artes e autora de três best-sellers, Martha Gabriel, afirma a respeito dos impactos imediatos das IAs em nossas vidas:
Artistas X IA
O uso das imagens geradas pelas IAs podem ser consideradas ilegais? Há correntes de pensamentos distintas sobre essa questão, cada uma trazendo argumentos importantes para serem discutidos. Ao analisar os dados usados para treinar o Midjourney, foi constatado que utilizaram imagens tanto dos bancos de dados de artistas que têm autorização para o seu compartilhamento, quanto daqueles que não têm autorização. Por isso, há uma divergência em relação ao consentimento das imagens geradas.
A seguir, exibimos um vídeo com trechos de Anderson Gaveta, criador de conteúdo, editor de vídeo e sócio-fundador da empresa Gaveta Filmes, compartilhando sua visão sobre a abordagem dessas tecnologias. Nele, Gaveta comenta de forma clara a sua opinião sobre as IAs generativas:
Apesar de parte dos artistas desaprovar o uso de suas artes para alimentar a IA, há artistas que já disponibilizam imagens para databases, sendo algumas gratuitas e outras pagas. Eles defendem a ideia de que para a IA chegar em resultados de altíssima qualidade, é necessário que ela seja alimentada com um extenso leque de referências, assim como os humanos experienciam ao longo da vida. Confira a seguir algumas perspectivas adicionais sobre o tema:
Disse em matéria, Lee Unkrich, aclamado diretor de filmes como Viva: A vida é uma festa e Toy Story 3 (vencedores do Oscar de Melhor Filme), conhecido por sua notável carreira na Pixar, onde atuou como diretor, agora envolvido em diferentes projetos criativos, entre eles, uma página de Instagram própria, onde realiza experimentos em IA.
As mais recentes inovações em softwares: Anúncios, lançamentos e versões beta
A área de Inteligência Artificial está em constante crescimento e já oferece oportunidades de emprego e serviços em todo o mundo, incluindo no Brasil. Cada vez mais as empresas vêm reconhecendo a importância dessas ferramentas, recrutando profissionais no nosso campo de atuação que as dominem. Capacitar-se para obter proficiência no uso delas pode se tornar um diferencial competitivo significativo para aqueles que desejam se destacar no mercado de tecnologia.
Veja a seguir um vídeo de um compilado de alguns softwares com IAs que estão sendo anunciados, lançados ou em versão beta, representando o estado da arte em otimização de execução de inúmeras tarefas. Além disso, uma dica é ficar sempre de olho no portal Product Hunt, pois trazem constantemente diversas novidades e novos softwares:
Inovação em foco
— Anualmente ficamos empolgados pela grande quantidade de eventos importantes realizados pelas Big Techs, Google I/O (conferência anual do Google) como a WWDC (conferência anual da Apple para desenvolvedores), Config (conferência anual do Figma), entre outros.
Vale destacar o Google I/O, que apresentou suas últimas novidades tecnológicas, produtos e serviços da empresa. O evento deste ano incluiu sessões, palestras e demonstrações sobre diversas features relacionadas ao aprendizado de máquina, desenvolvimento e melhorias em seus softwares e assistentes virtuais.
A IA foi de fato a grande protagonista do evento, tendo sido mencionada em mais de 140 vezes, durante as 2 horas de evento. Além disso, durante o Google I/O, foi apresentado o Bard, seu chatbot conversacional de inteligência artificial generativa, sendo o PaLM 2 (acrônimo de Pathways Language Model — em tradução livre: “Modelo Linguístico Baseado em Caminhos") a tecnologia por trás dele.
Assista abaixo o vídeo com algumas das novidades que foram confirmadas no Google IO:
Também gostaríamos de destacar o WWDC, onde a Apple mesmo não mencionando explicitamente “inteligência artificial” durante as apresentações, ela anunciou recursos que utilizam IA para aprimorar a experiência em seus produtos. As novidades foram: iOS 17, macOS, iPadOS, além de novas funcionalidades no AirPods e o mais mind-blowing, o Vision Pro (seu headset de realidade mista).
Confira a review do Marques Browlee que foi uma das poucas pessoas que tiveram a oportunidade de testar o device no evento:
Além das atualizações apresentadas na WWDC, a Apple vem liberando uma série de Design Kits dos seus sistemas para o Figma, incluindo para o VisionOS, que acabamos de destacar.
Por falar em Figma, durante a última Config, foram realizadas importantes anúncios, entre eles, Modo Desenvolvedor, Variáveis, Protótipos mais avançados, novos recursos no Auto Layout, e por fim, foi divulgada também a aquisição da empresa Diagram (criadora do Genius, presente no vídeo de compilado de softwares acima), companhia concentrada em soluções de IA que trará suas tecnologias para o Figma e demais produtos da mesma, que você pode conferir logo abaixo em uma breve demonstração das IAs apresentadas durante o evento:
Essas inovações deixam clara a intenção dessas Big Techs em avançar no campo da IA e de tecnologias disruptivas para proporcionar experiências cada vez mais sofisticadas para as pessoas usuárias.
Resumo da ópera: As IAs e a nossa carreira profissional
É inegável que o resultado do uso de ferramentas de IA está diretamente conectado à experiência da pessoa que as opera. Dessa forma, é essencial assegurar a qualidade dos dados e informações de entrada para obter resultados confiáveis e precisos. Isso envolve um processo criterioso de coleta, verificação e validação dos dados, com o objetivo de garantir a precisão e relevância das informações no contexto em que serão aplicadas. Ou seja, ao priorizarmos a qualidade do input (dados ou informações fornecidas), podemos obter um output (resultado) de alta qualidade, que atenda de forma satisfatória às nossas necessidades e expectativas.
Apesar das novas ferramentas de IA estarem surgindo e se desenvolvendo rapidamente, é preciso compreender que a sua implementação não será instantânea, mas sim, gradativa. Thiago Hassu, designer, fundador e CEO da empresa MEIUCA, afirmou no report anual de D.S. e Ops da Meiuca, Mostra tua Cara v.2:
“essas soluções de automação extrema não serão implementadas do dia para noite. Seja por aspectos culturais, por algumas falhas nas próprias ferramentas quando confrontadas aos cenários reais ou até mesmo pela falta de uma fonte de padrões a ser consumida. Ou seja, teremos tempo para nos adaptar”.
Comumente ouvimos comparações sobre momentos disruptivos em nossa história, como a Revolução Industrial ou a transição da carroça para o carro com o momento atual. De qualquer modo, assim como em algumas situações no passado, estamos vivenciando um momento de grandes mudanças, as IAs já estão inevitavelmente moldando a forma como os serviços são prestados e a integração dessas ferramentas em nossas rotinas; de acordo com estatísticas recentes, nos Estados Unidos, cerca de 92% dos desenvolvedores já estão utilizando inteligência artificial em seus projetos.
Logo, é fundamental que tenhamos empatia com aqueles que executam trabalhos mecânicos que um dia se tornarão automatizados. É provável que o escopo do trabalho mude, diferentes cargos e especialidades venham surgir e, infelizmente, algumas atividades cairão em desuso.
Apesar de tantas mudanças e evoluções, nada disso é tão diferente do que vem acontecendo com o mercado de trabalho nos últimos anos. Dessa forma, é preciso estar sempre em dia com os estudos e antenado às novidades justamente para evitar ser substituído algum dia no seu trabalho, utilizar o olhar como especialista para refinar e trabalhar em cima dos outputs gerados pelas IAs.
Por fim, embora seja essencial que consideremos cuidadosamente o contexto, as origens e as características de cada indivíduo e trabalhos envolvidos, refletindo sobre a camada social e profissional em que a já popular frase a seguir, que acabou se tornado um clichê, se encaixa, ela ainda carrega uma mensagem bem valiosa, que na nossa visão, não deveria ser ignorada. Seu trabalho não será substituído por IA, mas sim por humanos que sabem como utilizar IA. Especialmente por sermos profissionais da área de tecnologia, é importante usarmos as IAs à nosso favor, como aliadas, de forma que elas potencializem e maximizem nossas habilidades.
Ninguém é de ferro =D
Como dois grandes fãs da cultura pop, queremos compartilhar uma listinha com obras que abordam o tema da IA de maneiras distintas e interessantes. Aqui estão algumas sugestões de jogo, séries e filmes especiais para a gente.
1 | Detroit: Become Human (2018) - Jogo de ação e aventura em um futuro distópico, onde androides lutam por direitos em uma sociedade dividida.
2 | Contos do Loop (2020) - Série de ficção científica da Amazon com histórias interligadas sobre um projeto secreto chamado Loop.
3 | Love, Death & Robots (2019) - Série antológica de animação da Netflix que explora diversas perspectivas sobre futuros com máquinas inteligentes.
4 | Ex_Machina: Instinto Artificial (2014) - Filme de ficção científica e ação sobre um programador envolvido em um experimento com uma inteligência artificial humanoide.
5 | Ela (2013) - Filme de romance e ficção científica sobre um escritor solitário que se apaixona por um sistema operacional com IA.
6 | Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982) e Blade Runner 2049 (2017) - Filmes de ficção científica e ação em um futuro distópico com confronto entre humanos e androides.
7 | I Am Mother (2019) - Filme de suspense e ficção científica ambientado em um mundo pós-apocalíptico, onde uma adolescente questiona seu robô criador.
8 | Ron Bugado (2021) - Filme de animação sobre um mundo, onde robôs se tornam os melhores amigos das crianças, mas Ron, descobre que seu amigo robô não funciona muito bem.
Não se esqueçam das palminhas 👏👏
Este é nosso primeiro artigo e nos esforçamos muito para trazer todo esse material e conteúdo para elucidar e te ajudar a entender todo esse panorama a respeito das IAs. Se você gostou, não se esqueça de deixar as palminhas (se possível, quanto mais, melhor 😁), até mesmo, para que outras pessoas também possam lê-lo. Ficaremos muitíssimos gratos!
Agradecimentos especiais
Não poderíamos deixar de manifestar nossa imensa gratidão a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para este material. Eles se tornaram verdadeiras fontes de inspiração ao longo dessa jornada e desempenharam um papel crucial para o resultado alcançado. Agradecemos a todos os nomes mencionados ao longo do texto e também àqueles que nos ajudaram a compreender melhor o tema por meio de seus materiais. Eduarda Guerra (por sua ajuda na estruturação do artigo), Álvaro Dias (o qual agradecemos pessoalmente), Martha Gabriel, Atila Iamarino e Anderson Gaveta. Deixamos também nosso profundo sentimento de gratidão a alguns de nossos mentores ao longo de nossa trajetória profissional, por ter nos ajudado a chegar até aqui, Diego Lucas, Maria Ortiz e, atualmente, Maria Rosa, a quem somos imensamente gratos pelo incentivo na exploração teórica e prática da inteligência artificial. (Abrindo um parênteses, eu Leonardo, gostaria muito de agradecer especialmente à minha noiva, Érica, e aos meus pais, pelo sempre apoio incondicional). (Eu, Danilo, gostaria de aproveitar este momento para expressar meus sinceros agradecimentos à minha esposa, Bianca, e aos meus familiares, por todo o suporte que me deram). Como dois grandes amigos, aficionados por tecnologia desde crianças, foi uma grande honra escrever este artigo! 😊
Fala, que a gente te escuta!
Agradecemos por terem lido nosso artigo e esperamos que ele tenha sido útil para você. Queremos ouvir sua opinião, estamos sempre abertos a receber feedbacks valiosos.
Além disso, se você deseja conversar sobre design, artes em geral, produtos ou tecnologia, sinta-se à vontade para nos enviar uma mensagem, em qualquer uma das plataformas abaixo. Se você chegou até aqui, mais uma vez, obrigado! 💙